(DES)ORGANIZAR
QUE FUTURO QUEREMOS CONSTRUIR?

Ao longo da história da humanidade encontramos variadíssimos tipos de organização – social, empresarial, religiosa -, que regularam e orientaram a conduta das pessoas nos mais diversos ambientes. Estes tipos organizacionais surgiram da necessidade das pessoas terem uma estrutura que as apoiasse e na qual pudessem confiar e ajudasse a satisfazer necessidades básicas, desde a alimentação à segurança. Desde o ancestral modelo tribal em que as decisões da tribo (grupo) eram tomadas por um conselho de anciãos, passando pela organização piramidal dos impérios da antiguidade, até aos modelos actuais, assistimos a uma evolução cuja raiz esteve sempre ligada a evoluções tecnológicas: a roda, o arado, técnicas de cultivo, máquina a vapor, electricidade, computadores, etc.

Os saltos tecnológicos obrigaram a que se reinventassem modelos organizacionais que não só fossem mais adequados à satisfação de novas necessidades decorrentes da evolução social, como ao mesmo tempo contribuíssem para manter ou consolidar o poder dos grupos ou estratos sociais que detivessem o comando dessas organizações.

Este fenómeno veio a abranger as mais variadas áreas, das doutrinas políticas à religião, da economia às relações interculturais. Em suma, criaram-se organizações que nos tempos actuais suprimem aspectos essenciais da pessoa individualmente considerada, cujo impacto alastra depois à família, ao grupo e à sociedade no seu geral. Refiro-me às políticas empresariais que tem como objectivo único e primordial a obtenção do lucro, mesmo que isso envolva colocar em risco a saúde por sobrecarga de stress, diminuir a autoestima, ou a delapidação de recursos naturais, às medidas draconianas adoptadas por muitos governos para suprimirem direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, ou dos direitos dos animais, embora não faltem convenções e legislação que aparentemente garantem estes aspectos.

O momento actual que atravessamos, mostra bem como “o caos” social se pode instalar generalizadamente num curto espaço de tempo graças ao modelo organizacional existente.

Daí a questão que me atrevo a levantar: Que Futuro Queremos Construir?

Uma sociedade de tipo transhumanista como tem vindo a ser propagandeado em diversos fóruns económicos, colocando as pessoas ao serviço da tecnologia, ou vamos desorganizar para construirmos modelos organizacionais diferentes que tenham o Ser Humano na sua dimensão física, emocional e espiritual como centro polarizador, colocando a tecnologia ao serviço das pessoas.

Não será preferível reorganizarmos modelos políticos, económicos e sociais para que as pessoas se sintam mais realizadas, mais felizes e mais produtivas?
Estes modelos já existem e são exequíveis, tendo alcançado excelentes resultados a todos os níveis. Deles darei conta num próximo artigo.

Luís César Ferreira